Mercado imobiliário carioca aprova novo financiamento com recursos da poupança

em O Dia / Panorama Imobiliário, 10/outubro

Medida eleva para R$ 2,25 milhões o valor máximo para a compra de imóveis dentro do SFH.

O mercado imobiliário carioca reagiu com otimismo ao novo modelo de financiamento imobiliário anunciado hoje pelo governo, que altera a forma como são direcionados os recursos da poupança para o crédito habitacional. Agora, cada real concedido para este fim, o banco vai destravar o acesso ao mesmo volume de recursos da poupança para usar livremente por um período, inicialmente, de cinco anos. Outra medida anunciada é a elevação do valor máximo do imóvel para o empréstimo dentro do SHF (Sistema Financeiro de Habitação), que passa de R$ 1,5 milhão para R$ 2,25 milhões. Já a taxa de juros será de 12% ao ano mais TR (Taxa Referencial). A inciativa deve começar a valer imediatamente, de acordo com o governo.

Cláudio Hermolin, presidente do Sinduscon-Rio (Sindicato da Indústria da Construção Civil), lembra que o mercado vem pleiteando esse aumento do teto há bastante tempo, pois o último reajuste foi em 2018. “Desde então, temos acompanhado o aumento da inflação que gera alta dos custos e, consequentemente, desenquadra o valor de R$ 1,5 milhão de uma grande parte da população. O SFH é importante porque tem recursos da poupança e juros limitados. Essa atitude certamente vai proporcionar a uma parte relevante da população o acesso a tão sonhada casa própria”, prevê Hermolin.

Leonardo Schneider, vice-presidente do Secovi Rio (Sindicato da Habitação), também considera a decisão positiva. “O mercado hoje vive um cenário de Selic (taxa básica de juros) elevada, em 15% ao ano, o que acaba inibindo um pouco o financiamento. Mas quando vemos ações como essa que vão ao encontro do sonho do brasileiro de ter o seu imóvel, é muito positivo, pois essa conquista é uma questão cultural no Brasil. Com tanta estabilidade econômica e política que a gente vive, o imóvel sempre é o foco. Então, a medida é muito positiva, tanto na venda primária quanto na secundária. Ainda mais com a ampliação do teto porque sabemos que o valor do metro quadrado vem aumentando nas cidades. Ao fazer o reajuste, é possível ampliar o leque de possibilidades de investimento, principalmente nos grandes centros urbanos”, avalia Schneider.

Para Marcos Saceanu, presidente da Ademi-RJ (Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário), o novo modelo de financiamento dará ainda mais fôlego ao setor no Rio de Janeiro, que já vive um cenário positivo. “Depois de um crescimento de mais de 45% na comparação de 2023 com 2024, o mercado imobiliário carioca continua bastante aquecido, experimentando um avanço de mais de 10% em lançamentos e vendas, no primeiro semestre deste ano. Isso está acontecendo em todas as regiões da cidade: na Zona Norte, no Centro, com o mercado de compactos na Zona Sul, além de grandes empreendimentos lançados na Barra da Tijuca. Agora, com essa nova medida de utilização dos recursos da poupança e o aumento no teto do imóvel, mais pessoas poderão comprar o imóvel para morar ou investir”, afirma Saceanu.

Na opinião de Daniel Claudino, especialista em mercado imobiliário, a decisão deve liberar mais de 80 mil novos financiamentos pela Caixa. “Estamos diante de uma reconfiguração importante. Ao reduzir o compulsório e permitir o uso mais flexível dos recursos da poupança, o governo injeta liquidez no sistema e incentiva os bancos a voltarem a operar com mais escala”, explica Claudino. O incentivo, segundo ele, é mais eficiente e permitirá aos bancos ajustarem as suas estratégias com mais previsibilidade.

“É como num prédio com escassez de água: antes, você só podia usar a maior parte da água para banho, outra parte ficava guardada à força, e só um pouco podia usar livremente. Agora, o síndico diz: você pode usar mais água como quiser, desde que traga água extra de fora para uso comum. Isso muda o jogo sem causar desequilíbrio”, compara o especialista.


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