Obras de arte em residenciais transformam o jeito de morar

em O Globo / Morar Bem, 23/novembro

Fachadas, empenas, halls e áreas comuns ganham intervenções visuais que transformam os empreendimentos em ícones urbanos no Rio.

A arte em projetos residenciais deixou de ser detalhe: virou protagonista. As obras transformam halls, jardins e fachadas em verdadeiras galerias, criando identidade e elegância. Mais que valorizar o imóvel, a arte desperta afeto e aproxima moradores de uma relação mais humana entre arquitetura, expressão artística e vida cotidiana. É a busca por espaços que entregam experiências estéticas que elevam a qualidade de vida e o sentimento de pertencimento.

Em meio ao cinza do concreto predominante nas metrópoles, a arte em áreas comuns e fachadas de edifícios traz cor, alma e respiro. Ao convidar artistas consagrados ou emergentes para essa tarefa, incorporadoras e arquitetos ajudam a democratizar o acesso à cultura, levando para os espaços obras capazes de influenciar o imaginário.

No Rio, essa tendência floresce com força: mosaicos, grafites e painéis autorais tornam-se marcos urbanos e pontos de referência, que dão personalidade ao entorno, criam um impacto visual e fortalecem o diálogo entre o privado e o coletivo, transformando os residenciais em agentes de revitalização e qualificação urbana.

No Centro do Rio, a ideia de transformar prédios em telas gigantes ganha corpo nos empreendimentos da Cury. O vice-presidente Comercial da construtora, Leonardo Mesquita, lembra que a região respira arte de rua e que trazê-la para as fachadas é tanto um gesto estético quanto um tributo às personalidades que escreveram sua história. No Páteo Nazareth, por exemplo, quatro painéis farão essa celebração.

—Já homenageamos Pixinguinha, Tia Ciata e Heitor dos Prazeres, em mosaicos ou grafites, sempre com artistas e coletivos que atuam no Centro. E, em parceria com o Ateliê Cosmonauta Mosaicos, fizemos um painel do geógrafo Milton Santos no Colégio Benjamin Constant, no Santo Cristo, região onde temos diversos lançamentos — explica Mesquita. Primeiro projeto da Canopus na Zona Sul, o Arq Life abraça a arte logo na entrada. O lobby foi pensado como galeria, com painéis do artista plástico Luiz Eduardo Rayol criando impacto imediato.

— Existe hoje, no Rio e no Brasil, uma tendência de usar referências arquitetônicas, estúdios renomados e artistas plásticos como parte da assinatura de produtos. Isso gera uma valorização intangível, mas que o morador sente. Ele se reconhece, se vê único — comenta Thiago Hernandez, superintendente Comercial da Canopus.

A RJDI segue a mesma trilha com sua coleção Soul Rio, que conta com curadoria própria para escolher as obras de cada residencial. A ideia é mapear uma “cartografia da alma carioca”. Essa leitura estará clara na empena do edifício da Barata Ribeiro 573, com um mural de 500 metros quadrados assinado por Lenzi Junior, batizado de “Azul do tempo” e inspirado na Bossa Nova. Como gesto extra de afeto, cada comprador levará para casa um prato pintado à mão pelo próprio artista.

— Uma obra de arte valoriza a marca e o prédio. Ocliente estrangeiro gosta muito, porque já está acostumado a ver edifícios que tratam murais, esculturas e pinturas como diferenciais — observa Jomar Monnerat, sócio da RJDI.

Às vezes, essa valorização vai além do olhar. O mural criado por Di Cavalcanti em 1969 para o hall do Edifício Machado de Assis, em Copacabana — inspirado em Capitu, a mítica personagem de “Dom Casmurro” —, é um exemplo. A obra foi vendida na SP-Arte, em 2025, por cerca de R$ 8 milhões.

Prêmio Ademi

No dia 25 de novembro, será realizada no Rio a cerimônia do Prêmio Destaque Ademi 2025, que reconhece empresas, projetos e profissionais que se destacaram ao longo do ano no mercado imobiliário carioca.


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