Porto Maravilha dispara: novos residenciais vão atrair 45 mil moradores até 2029

em O Globo / Prefeitura do Rio, 13/novembro

A revitalização se expande até São Cristóvão, com incentivos à habitação, novos corredores de mobilidade e hubs tecnológico.

O Porto Maravilha vive um novo ciclo de expansão. A Prefeitura do Rio intensificou os incentivos para moradia na área. Desde o início da Operação Urbana Consorciada (OUC), em 2009, 23 condomínios residenciais foram lançados pelas construtoras Cury – que tem 20 empreendimentos –, Emccamp, CTV e Azos, somando 15 mil unidades. São esperados 45 mil novos moradores até 2029. A meta é chegar a cem mil unidades até 2064, com aproximadamente 250 mil habitantes.

– É uma área central, com toda a infraestrutura, trem, metrô, VLT, aeroporto, BRT, além de as pessoas estarem perto do local de trabalho. Estamos consolidando a segunda fase do Porto Maravilha. A infraestrutura foi feita com a derrubada da Perimetral, a criação do boulevard, de museus. Agora, com os residenciais, as pessoas estão vindo morar aqui. É uma área de expansão imobiliária e vai ser muito bom morar na região central – afirma o prefeito, Eduardo Paes.

A maior operação urbana consorciada do país ultrapassou as fronteiras da região portuária e chegou a São Cristóvão, ampliando de 5 milhões para 8,7 milhões de metros quadrados a área de requalificação, historicamente marcada pela atividade portuária. O projeto, que há mais de uma década redesenha o mapa do Centro do Rio, combina habitação, infraestrutura, cultura e tecnologia em uma agenda de transformação urbana.

– É a região que mais cresce no Rio de Janeiro. Pela primeira vez em 40 anos, uma área tem mais venda de imóveis do que a Barra da Tijuca. O Porto Maravilha, hoje, atrai moradores e investimentos. É a fronteira de desenvolvimento da cidade, a região que vai continuar crescendo e se colocando como coração da região metropolitana do Rio. Conecta passado, presente e futuro – ressalta o vice-prefeito, Eduardo Cavaliere.

Do cais à Zona Norte

A ampliação da OUC até São Cristóvão levou também os benefícios urbanísticos e fiscais do modelo que se tornou referência nacional. A operação utiliza os Certificados de Potencial Adicional de Construção (Cepacs) como instrumento de financiamento. Esses títulos, negociados pela Caixa Econômica Federal, permitiram custear obras de infraestrutura e atrair investimentos privados para áreas antes degradadas.

— A expansão da Operação Urbana do Porto Maravilha para São Cristóvão e as perspectivas de avanço para esse bairro tão importante serão o novo marco da grande transformação por que passa a região central: com planejamento, investimento e aposta na parceria público-privada — destacou Osmar Lima, secretário municipal de Desenvolvimento Econômico.

O primeiro empreendimento lançado após a ampliação foi o Cartola, construído no terreno de uma antiga distribuidora de combustíveis. Outro projeto, previsto para 2026, vai ocupar o espaço histórico da Companhia de Luz Steárica, com preservação de galpões tombados e integração entre habitaçãoe uso cultural.

A transformação também avança sobre o eixo da Avenida Francisco Bicalho, que passa por reurbanização completa e reforma da antiga Estação Barão de Mauá. O entorno será sede do futuro Centro de Convenções Leopoldina e da Fábrica do Samba, conjunto de 14 galpões para as escolas da Série Ouro, com áreas de lazer, oficinas e geração própria de energia.

Mobilidade e inovação

O novo Porto Maravilha se conecta com toda a cidade. Desde 2024, o Terminal Intermodal Gentileza integra o BRT Transbrasil, o VLT e linhas de ônibus municipais, ligando o Centro às zonas Norte, Oeste, Sudoeste e Sul. O terminal, que requalificou o entorno da Rodoviária Novo Rio, se tornou um marco da nova lógica de mobilidade.

Nos últimos anos, novos túneis e vias, como o Rio450, o Nina Rabha e a Via Binária do Porto, abriram espaço para um novo traçado urbano. A Praça Mauá, símbolo da revitalização, abriga hoje o Museu do Amanhã, o Museu de Arte do Rio (MAR) e o Pier Mauá. Completam a paisagem de um dos principais pontos turísticos e de lazer do Rio o AquaRio, a Orla Conde e a YupStar.

No eixo tecnológico, o Porto Maravalley consolidou-se como um dos maiores hubs de inovação do país. O espaço reúne 80 empresas — 55 delas startups, que captaram cerca de R$ 150 milhões em investimentos — e a faculdade IMPA Tech, dedicada à formação em matemática e tecnologia. Em parceria com a NVIDIA, a Prefeitura instalará no local um supercomputador de inteligência artificial (IA). E o programa Rio.IA, feito pelo município em conjunto com a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e a PUC-Rio, vai instalar um centro de referência em IA, projetando a cidade no cenário global da inovação.

Outro marco previsto é o Mata Maravilha, projeto da Al Moinho, fruto da parceria entre o empresário Alexandre Allard e a Autonomy Capital, que combinará natureza e tecnologia. Quase metade da área de 223 mil metros quadrados terá vegetação nativa da Mata Atlântica, em um enorme projeto de reflorestamento urbano. Entre as atrações previstas estão dois parques, hotéis, torres residenciais verdes, restaurantes e comércio, campus de tecnologia verde, com escritórios, coworking e salas de eventos/convenções.

O Porto Maravilha se consolida como projeto urbano que ultrapassa o desenho físico da cidade. A sua transformação em um polo de moradia, cultura e inovação recoloca o Rio em diálogo com seu passado e com o futuro. Antes símbolo de abandono, o local ganha novos habitantes, empresas e espaços públicos, em um território que volta a pulsar no coração da cidade.

Passado, presente e futuro no Cais do Valongo

Símbolo mundial da resistência e da cultura afro-brasileira, o sítio histórico ganha protagonismo no processo de revitalização do Porto Maravilha

Durante as obras de revitalização da Região Portuária, em 2011, um achado mudou a histó¬ria da cidade: o Cais do Valongo, o principal porto de chegada de africanos escravizados nas Américas no século XIX. O antigo cais de pedra recebia homens, mulheres e crianças trazidos da África e vendidos no Rio. Entregue em 2012 à população, como sítio arqueológico, o Cais do Valongo se tornou um espaço de memória e reverência.

A Prefeitura transformou o espaço em monumento preservado que passou a integrar o Circuito Histórico e Arqueológico da Celebração da Herança Africana, como a Pedra do Sal, o Centro Cultural José Bonifácio, o Cemitério dos Pretos Novos e o Museu da História e Cultura Afro-Brasileira (Muhcab), que reúne cerca de 2,5 mil itens, como pinturas, esculturas e materiais arqueológicos. E a Prefeitura irá construir o Centro Cultural Rio-Áfricas, um espaço que terá exposições e programas educativos que mostrem a história e a cultura da região de forma sensível e crítica.

Em 2017, o Cais do Valongo foi reconhecido como Patrimônio Mundial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). É o único sítio no mundo que representa fisicamente a chegada forçada de africanos escravizados ao continente americano.


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