Construtoras usam IA para acelerar vendas e reduzir custos

em Portas, 29/agosto

MRV, Direcional, Tenda e Eztec investem em inteligência artificial nos processos de vendas e operações, reduzindo gastos, além de acelerar processos.

Grandes construtoras brasileiras como MRV, Direcional e Tenda têm adotado assistentes virtuais baseados em inteligência artificial (IA) para otimizar processos de vendas, recursos humanos e jurídico, transformando a eficiência operacional do setor.

A MRV implementou a IA generativa em seu chatbot Mia, por onde passam cerca de 70% das vendas do grupo. A tecnologia permitiu reduzir de 100 para 20 funcionários responsáveis pela recepção de leads, segundo Reinaldo Sima, diretor de tecnologia da empresa. “Em 2023 a gente virou a chave, começamos a olhar para a IA generativa um pouco além dessa parte conversacional”, disse.

Além da Mia, a construtora trabalha também com outros agentes integrados a uma plataforma criada em conjunto com a Adalink, startup brasileira de IA criada em 2024: a assistente virtual Susi, o Marco (que dá suporte a corretores), e o “Melhor Amigo da Obra”, responsável por dar apoio no processo construtivo.

A Direcional registrou redução média de 25% no tempo de qualificação de leads após adotar a IA em 2024. A automação já devolveu mais de 10 mil horas de trabalho mensalmente para as equipes, segundo Eduardo Mocarzel, superintendente de núcleo digital da construtora.

Já a Tenda intensificou o uso de grandes modelos de linguagem este ano, integrando ChatGPT, Claude e Gemini, em uma plataforma privada também ligada à Adalink. A empresa desenvolve agentes para interpretação de documentos jurídicos e compilação de dados em RH (Recursos Humanos).

“Faz mais ou menos um ano que a gente está olhando para projetos nesse sentido e faz seis meses que a gente intensificou mais a agenda nas operações corporativas”, disse Igor Gomes, diretor de tecnologia da informação da Tenda. A empresa também desenvolve um agente para a área de captação de leads e geração de vendas.

No segmento de alto padrão, a Eztec lançou a ferramenta Tec.IA em outubro passado, reduzindo pela metade o tempo de conversão em vendas – de um mês para 15 dias. O próximo passo é desenvolver aplicação para atendimento ao cliente. “Quando (o lead) chegar na mão do corretor, já vai chegar com este pré-atendimento feito e com mais qualidade… É um processo que deve iniciar ainda neste ano”, afirma Tellio Totaro, superintendente de incorporação.

Empresas menores

Se por um lado as construtoras gigantes estão adiantadas no uso da IA, as empresas de menor porte ainda enfrentam limitações para investir na tecnologia, aponta Dionyzio Klavdianos, da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção). O uso em canteiros de obras permanece restrito comparado aos processos administrativos.

“Esses estágios da ponta já estão se desenvolvendo mais rápido do que o ‘core’, que é a construção em si. Quando você vai para o canteiro mesmo, aí é outra história. Porque a construção civil ainda não é modularizada, ainda não é montada, ela ainda é construída. E aí atrapalha, dificulta”, explica Klavdianos.

Por outro lado, Igor Gomes, da Tenda, diz que a expectativa do setor é uma robotização similar aos centros de distribuição automatizados. “Se você pensar no longo prazo, pode pensar num modelo onde IA trabalha em automações dentro do canteiro”.


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