Nada é mais ESG do que um prédio retrofitado
em Estado de Minas, 1º/setembro
Regeneração das zonas centrais das cidades e programa de retrofit de prédios são o antídoto contra invasão e ocupação de áreas de proteção ambiental por favelas.
O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) promoveram, nesta última semana, um fórum voltado para desenvolvimento urbano, iniciativas e formas de financiamento. A temática é bastante ampla e o universo de casos, quase infinito; o fórum poderia se estender por semanas com casos e iniciativas ao redor do mundo, tal a importância do tema e os esforços mundiais. A organização do evento foi feliz na curadoria, que espelha o cenário atual e direções possíveis.
Cada grande área tem um léxico particular, com terminologia própria e acrônimos amplamente utilizados, e recorrentes. Revitalização, vitalidade, regeneração, recuperação, sustentabilidade, resiliência, patrimônio, densidade. Com a proximidade da COP30 em Belém, o léxico do clima, com maior ou menor grau de emergência, também estava presente. Pela própria feição do anfitrião, o léxico social também, e o acrônimo ESG foi continuamente lembrado e louvado, usado sem moderação como uma espécie de “selo de bom-mocismo” ou chancela de “bem intencionado”.
O ESG me lembra, hoje, a moda da ISO 9000 no início dos anos 2000, que prometia eliminar desperdícios e aumentar a produtividade global. Abraçar a ISO era a garantia de que tudo funcionaria dentro das empresas, e que a qualidade dos serviços prestados e produtos fabricados estaria, magicamente, em um novo patamar. Não que não fosse importante, nem trouxesse melhorias reais (porque sim, trouxe, para quem implementou direitinho), mas foi o afã com que foi apresentado, a exigência exagerada, a urgência para que toda e qualquer empresa estivesse imediatamente certificada, e a divisão do mercado entre quem tinha o certificado e quem não tinha, que transformaram uma boa iniciativa num mercado cativo de consultorias cada vez menos relevantes, e mais pasteurizadas.
Ver online: Estado de Minas
Leon Myssior é Arquiteto e Urbanista, sócio da incorporadora CASAMIRADOR, fundador do INSTITUTO CALÇADA e acredita que as cidades são a coisa mais inteligente que a humanidade já criou.